sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Todos somos neuróticos, isto é o que nos mantém dentro da sociedade. Se não o fossemos, seriamos dispersos em prazeres unilaterais não reconhecidos pelos outros indivíduos. Por isso firmamos um contrato. dois pontos. Temos nossos desejos (de qualquer ordem) e os reprimimos para não ultrapassar um conceito ético estabelecido não sabemos por quem. Pela igreja? por Deus?
Aliás, é possível desvencilhar nossa idéia de moral e ética do dogma cristão? isto é, teríamos a atual concepção de ética se não fosse o cristianismo?
Enfim, por ter nossos desejos reprimidos é que somos neuróticos. Lacan que disse.
É por isso que às vezes pareço psicótico. dois pontos. Exponho meu desejo, e como vc não está habituada(o) a acatar essa atitude, me acha um louco. Só pareço, por que na verdade, prefiro a perversão.

Os peixes do aquário

No meu aquário há peixes.
Mas por que tenho um aquário?
Para que um aquário?
Um mar é maior que uma caixa vítrea.

Que causa tem o sustento da hierarquia?
A de negar minha frustração de peixe?
No meu aquário há peixes
E sou dono apenas do aquário.

Você já viu peixes com asas?
Eu já. Num sonho louco, apenas num sonho louco.
E louco é o sonho, eu não o sou.
Talvez o seja frente à normalidade dos peixes,
Dos peixes do aquário que não são loucos.

Porque se fossem, voariam.
E beijariam flores, fiariam ninho.
Seriam a antítese dos peixes reais.
Nos seus respectivos surtos,
Na loucura do seu mundo utópico, fantástico e fantasiado,
Enfim, loucos, voariam.


Mas dentro da caixa de vidro não há insanidade.
Os peixes do aquário não voam porque não são loucos,
Não voam porque não têm sonhos loucos,
Não voam! Porque não têm asas!


(Ixra, in identidad&plural - 2006)


Todo pervertido é um libertino. Todo libertino exerce uma liberdade. Toda liberdade exige uma solidão.

Um comentário:

Anônimo disse...

é um dos textos que mais gosto...

mto louco...

let's be "birdfishes", buddy!!