Preciso comer alguém. Diferente.
Alguém que não seja só minhas amigas liberais;
nem algumas junkies ou então uma pin up bêbada da Funhouse.
Comer com toda a gula. Com carinho (violento, como diz a Clarah):
Morder os músculos. Sugar o lábio. Entrar.
Cavar a unhas a epiderme e o além dela. Subverter a pele.
Desmascarar o segredo do corpo e do que está além dele:
Decifrá-los
ou então devorá-los.
!Devorar! Sim, em todos os ângulos possíveis, a geometria da carne.
Com furor, intensidade. Comer os braços. O abraço das pernas e do que está além delas.
Mas também digerir os olhos.
Digerir ainda, as palavras. Cada letra da boca. Cada gesto – cinema mudo.
Degustar a luz. O riso. Comer qualquer fluido. Tocar –
Toda pulsação cardíaca no tato.
Engolir a aglutinação das auras no movimento dos cílios.
Mastigar, paulatinamente, a revelação epifânica do momento.
Comer alguém infinito que me traga a finitude de tudo.
Que me traga um curto-circuito as minhas sinapses.
Saborear a divisão dos nossos mundos. Desde o início:
Comer assim e assim me sentir comido.
3 comentários:
Isso me lembrou de um microconto presente no livro Sem Contos Longos. Aquele do monstro. Não me recordo agora a página. Só sei que foram felizes para sempre.
porra,
eu também.
pior é acharem que EU sou uma pinup bebada da funhouse. ninguém entende nada.
eu sou só uma bêbada. rara.
Ainda bem que meus tempos nos montes Tibetanos me ajudaram a superar as psico-crisis que esse negócio causa...
Sexo né? a palavra certa?? sexo... sexo?? sexo!!
XP
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