quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Hipótese

“Você pode morrer amanhã”.

É verdade.
Não lembro quem escreveu isso (só sei que li em “os cem menores contos do século” – livro organizado pelo Marcelino Freire). Mas é verdade. Podemos morrer amanhã. Aliás, a qualquer hora.
Porém, também podemos matar.
Eu mesmo já matei um cara - ou o ajudei a morrer, não sei – só sei que me senti satisfeito fazendo isso. Foi devagar... Mas foi!
Um pedacinho aqui, outro ali... Primeiro os braços - ele nem os usava – depois a cabeça, que foi a melhor parte. Mutilando com uma calma enorme, tequinhos da cabeça do cara.
Até que chegou o final. Matei.

Ele adorou a idéia, tanto que hoje é meu melhor amigo.
“Depois que morri, foi mais fácil arrumar amigos”.

Morrer.
“Você pode morrer amanhã”.
E essa morte, estranha em si, não é morte qualquer (nem mesmo severina), mas morte diferente, que ocorre em qualquer momento do dia: com luz, sem luz; fazendo a barba, arrumando o cabelo. Em qualquer momento, mas não em todo lugar. A não ser que nestes quaisquer lugares
haja um espelho.

2 comentários:

Sérgio Ferreira da Silva ou Sergílio da Uspecéia disse...

No woman, no cry! (HAI CAI BOBMARLEYANO)

Eu já morri tantas vezes,
que as carpideiras (severinas),
não choram mais...

Sergílio da Uspecéia

Myriam Kazue disse...

O que é bom em morrer muitas vezes é poder nascer novamente!

Já tive muitas vidas: essa última me parece a melhor, mas nunca se sabe.

A gente renasce a cada queda, aprendendo a andar mais seguro, em novos caminhos. É bom.